Salários da construção civil: quanto ganha quem atua nas obras?

Salários da construção civil: quanto ganha quem atua nas obras?

Os salários da construção civil são um indicador de grande importância para as construtoras estimarem a composição de custos de suas obras.

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Os salários da construção civil são um indicador de grande importância para as construtoras estimarem a composição de custos de suas obras. 

Historicamente marcado pelo uso intensivo da mão de obra, o setor é um dos maiores geradores de emprego e renda no Brasil. Por outro lado, é também uma indústria na qual o trabalho carrega o estigma de ser mal remunerado. 

É verdade que há variações importantes nos salários pagos para os profissionais em diferentes regiões do país. Diante da escassez de mão de obra qualificada, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) fez uma pesquisa em 2024 que traça o perfil dos trabalhadores da construção civil no Brasil.

Realizado com dois mil profissionais de todas as regiões do país, o estudo ouviu profissionais que atuam como servente, pedreiro, eletricista, carpinteiro, encanador, pintor, mestre de obras, armador de ferragens, ajudante, gesseiro, ferreiro e outras atividades similares.

A maior parte desses profissionais (61%) atua na faixa salarial entre um e dois salários mínimos (R$ 1.518,00 a R$ 3.036,00), e acredita que a remuneração é uma das principais razões para a falta de mão de obra no setor. 

Contudo, a construção civil também é impulsionada pelo trabalho de arquitetos, engenheiros civis, técnicos em edificações e outros profissionais de áreas relacionadas. 

Portanto, há uma grande diversidade de funções na construção civil, o que leva à pergunta: quanto ganha quem trabalha com obras? A resposta é depende e já vai ser possível saber por quê.

Principais cargos e salários da construção civil

Já é fato que na indústria da construção civil existem inúmeros profissionais qualificados, cada um com um papel necessário ao sucesso dos projetos de obras. 

Compreender os principais cargos e as respectivas faixas salariais é relevante para quem busca uma carreira na área, mas principalmente para empresas que visam atrair e reter talentos e calcular os custos de uma obra.

Conforme o empreendimento, é preciso contratar um número maior ou menor de profissionais. Entretanto, os cargos principais a serem ocupados são os de:

Arquiteto

O arquiteto é o profissional responsável por conceber, planejar e supervisionar a execução de projetos de construção ou reforma. Sendo assim, suas responsabilidades vão além de elaborar uma fachada bonita ou interiores adequadamente decorados. Envolvem  aspectos técnicos, funcionais e legais.

O nível de experiência determina o valor do salário de um arquiteto, que é cerca de R$ 4 mil em média, de acordo com o site Glassdoor. Um arquiteto sênior pode receber até R$ 18 mil de remuneração mensal.

Engenheiro civil

O engenheiro civil é responsável por garantir a estabilidade, segurança e viabilidade técnica da construção. Pode atuar do planejamento até a execução e fiscalização, assegurando que tudo seja construído dentro dos padrões de qualidade e normas técnicas.

A informação do site Glassdoor sobre quanto ganha um engenheiro civil de obras é de que a remuneração média é de R$ 6 mil ao mês.

Técnico em edificações

O técnico em edificações auxilia engenheiros e arquitetos na elaboração e interpretação de projetos, no acompanhamento e fiscalização da execução da obra, no controle de prazos e medições, entre outras atividades.

Pode atuar em construtoras e empreiteiras, escritórios de arquitetura e engenharia, órgãos públicos e outros setores.

O piso salarial do técnico em edificações é diferente em cada região do Brasil. Mas pelo Glassdoor é possível saber a média salarial, estimada em R$ 3 mil. 

Mestre de obras

O mestre de obras atua como o líder direto da equipe operacional no canteiro de obras. Entre as suas funções está ler e interpretar plantas e projetos, gerenciar o estoque, acompanhar o cronograma da obra, e outras responsabilidades.

Assim, a resposta para a pergunta sobre qual é o salario de um mestre de obras não é uma só, considerando as diferentes realidades no Brasil. Contudo, a média salarial apresentada pelo Glassdoor para a função é de R$ 5 mil. Mas a remuneração pode chegar a R$ 12 mil para profissionais mais experientes.

Apontador de obras

O controle diário e gestão eficiente do canteiro de obras são responsabilidades do apontador de obras, profissional também conhecido como fiscal de apontamentos ou controlador de produção.

É quem faz o registro diário de atividades, o controle de materiais e insumos, apoia medições e pagamentos. A remuneração média mensal para a função, conforme o Glassdoor, é R$ 2 mil.

Técnico em construção civil

O técnico em construção civil atua como um intermediário entre o planejamento e a execução da obra. Além da fiscalização e controle de qualidade, realiza a gestão de processos e documentação, cuida para que as normas de segurança sejam cumpridas, entre outras atividades.

É uma função com um salário médio de R$ 4 mil, conforme consta no Glassdoor.

Encarregado geral

Também chamado de supervisor geral ou encarregado de campo, o encarregado geral de obra coordena toda a operação no canteiro de obras, garantindo que prazos, custos, qualidade e segurança sejam cumpridos conforme o planejado.

Entre as principais funções do encarregado geral está a definição de prioridades diárias e ajustes de escalas de trabalho, identificar atrasos e propor soluções para recuperar o tempo perdido, inspeciona materiais, negociar com fornecedores, fiscalizar o uso de EPIs, reportar acidentes ou riscos ao SESMT, e outras atividades.

Para exercer essas funções na obra o encarregado de obras recebe um salário médio de R$ 3 mil pelo o que consta no site Glassdoor.

Pedreiro

O pedreiro, na construção civil, é um dos profissionais mais essenciais. Afinal, é o seu trabalho manual e conhecimento prático que transformam projetos em realidade.

A execução de alvenaria, a preparação de estruturas de concreto, os acabamentos, a limpeza do canteiro, nada seria feito sem esse profissional.

Em muitos estados, é o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil que define o piso salarial para pedreiro. Por isso, é difícil dizer exatamente o valor do salário de um pedreiro na carteira.

A informação disponibilizada no site Glassdoor é que a média salarial de um pedreiro no Brasil é de R$ 2 mil.

Servente

O servente de obras também é chamado de auxiliar de pedreiro por ser quem dá suporte para que os pedreiros e outros especialistas tenham tudo o que precisam para trabalhar com eficiência. Geralmente, é uma função de entrada na construção civil.

O servente arrega tijolos, sacos de cimento, areia, brita e ferragens para os locais de trabalho, mistura argamassa e concreto, conforme orientação do pedreiro, varre e remove entulhos para manter o local seguro e desimpedido, separa resíduos para reciclagem ou descarte correto, lava ferramentas, etc.

O salário do servente é, em média, R$ 1 mil, de acordo com o Glassdoor.

Carpinteiro

Profissional especializado no trabalho com madeira, metais e moldes para estruturas de concreto, o carpinteiro de obras atua em etapas críticas da construção.

É quem constrói moldes de madeira ou metálicos para vigas, pilares, lajes e fundações, monta andaimes para acesso a alturas, faz caixarias para reservatórios, escadas e rampas, instala peças metálicas em fôrmas pré-moldadas, entre outras funções.

O site Glassdoor diz que a média salarial de um carpinteiro na construção civil é R$ 2 mil.

Armador

O armador é especializado em cortar, dobrar e posicionar as ferragens (barras de aço, vergalhões, telas) que reforçam estruturas de concreto armado. Portanto, é um dos profissionais responsáveis por garantir a resistência e durabilidade de vigas, pilares, lajes e fundações.

O trabalho como armador exige precisão, pois qualquer erro no posicionamento das ferragens pode comprometer a estrutura. Também requer conhecimento acerca das normas para garantir medidas precisas.

É preciso que o armador possua força física, já que realiza a manipulação de barras pesadas e trabalha em posições desconfortáveis.

O salário médio pago ao profissional armador na construção civil é de R$ 2 mil, diz o site Glassdoor.

Eletricista

O eletricista predial ou eletricista de obras é o profissional responsável por instalar, manter e garantir o funcionamento seguro de toda a parte elétrica de uma construção, desde a infraestrutura até os pontos finais de energia. Sendo assim, se um empreendimento possui iluminação, tomadas e sistemas elétricos eficientes e dentro das normas, é devido ao eletricista.

O profissional não só faz a instalação da infraestrutura elétrica, como realiza testes e a verificação das normas técnicas, junto com o atendimento a outras responsabilidades.

No Brasil, o eletricista predial recebe a remuneração média de R$ 2 mil, pelo levantamento feito no site Glassdoor.

Encanador

O encanador ou instalador hidráulico é o profissional responsável por projetar, instalar e manter toda a rede de tubulações de água, esgoto e gás em uma construção.

É também a esse profissional que se deve o fato de o empreendimento ter um abastecimento eficiente, um escoamento correto, estar livre de vazamentos ou entupimentos.

O conhecimento das normas, o domínio das ferramentas necessárias ao trabalho, a experiência com cálculo de caimentos para escoamento e a atenção aos detalhes são imprescindíveis a todo encanador.

Para a função, é R$ 2 mil o salário base médio, conforme o cálculo do site Glassdoor.

Gesseiro

A aplicação e acabamento de placas e revestimentos de gesso fica a cargo do gesseiro na construção civil. A parte mais visível do trabalho desse profissional é a instalação de placas, o lixamento e nivelamento das superfícies, a aplicação de texturas em tetos e paredes e a instalação de molduras e sancas de gesso para acabamento decorativo.

Em geral, a remuneração do gesseiro é R$ 2 mil ao mês, informa o Glassdoor.

Pintor

O pintor é um dos profissionais mais visíveis e necessários na obra. Além da parte estética, o pintor cuida da proteção de paredes, metais e estruturas contra umidade, ferrugem e desgaste.

Importante tanto em obras novas quanto em reformas, tem alta demanda no mercado, com salários que variam conforme experiência e complexidade do projeto. A média da remuneração nacional para pintor, segundo o Glassdoor, é R$ 2 mil ao mês.

Vidraceiro

Tudo o que é relacionado à instalação, manutenção e substituição de vidros na obra é feito pelo vidraceiro. De  janelas e portas até fachadas envidraçadas e divisórias internas, depende do vidraceiro o corte e colocação de vidros, a aplicação de silicones e ferragens para fixação e vedação adequadas e a manutenção corretiva, como substituição de peças quebradas ou ajustes em esquadrias.

Poucas pessoas se dão conta, mas é a partir do trabalho do vidraceiro também que se garante a luminosidade, isolamento acústico e térmico dos ambientes.

O Glassdoor apresenta como salário base médio para vidraceiro o valor de R$ 2 mil.

Azulejista

Seja o azulejista ou assentador de revestimentos cerâmicos, o fato é que esse profissional é especializado na instalação de pisos e paredes com cerâmicas, porcelanatos e pastilhas.

Esse tipo de material está presente principalmente em áreas molhadas (banheiros, cozinhas) e espaços que exigem resistência ao desgaste. Por isso, é considerado um bom azulejista o profissional que finaliza o trabalho sabendo evitar infiltrações, trincas e desperdício de material.

Da mesma forma que para outros profissionais, a consulta no site Glassdoor diz que a média de salário de um azulejista é de R$ 2 mil.

Marmorista

A pessoa que sabe transformar pedras naturais e engenheiradas (como mármore, granito, quartzito e silestone) em elementos funcionais e decorativos de alto padrão na obra é o marmorista.

Em um trabalho que junta artesanato e precisão técnica, o marmorista executa a sua parte na obra após o fechamento de paredes e antes dos acabamentos finais. É quando cria e instala revestimentos e detalhes que geralmente elevam o valor e a sofisticação dos empreendimentos.

A média salarial desse profissional é R$ 2 mil, pelo levantamento feito no Glassdooor.

Perito

Avaliar, investigar e emitir laudos técnicos sobre problemas, falhas ou disputas em obras são as principais responsabilidades do perito em construção civil ou engenheiro perito.

Geralmente é esse profissional que vistoria obras em andamento para evitar problemas futuros, verifica se construção está atendendo às normas técnicas, investiga patologias e falhas, emite laudos de avaliação e afins. 

Profissionais dessa área detém uma remuneração média de R$ 12 mil, diz o Glassdoor.

Os salários da construção civil estão em elevação

Os dados do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP) mostram que o aumento nos salários acima da inflação, que normalmente gira em torno de 0,5%, chegou a 1,27% em 2024.

Já o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), acumulou alta de 4% em 12 meses, até maio de 2024. O custo da mão de obra, apurado por este indicador, subiu 7,51% no período.

Além disso, a construção civil segue demandando profissionais. Somente entre os meses de janeiro e junho de 2024, o setor gerou mais de 200 mil vagas de emprego. 

E esse aquecimento vem se repetindo há algum tempo. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos últimos quatro anos, o aumento de pessoas empregadas com carteira assinada no setor foi de 40%. Ou seja, a cada ano, o número de trabalhadores da construção civil cresce a um ritmo de quase 10%. 

Outras informações interessantes vêm do “Panorama da Mão de Obra na Construção Brasileira” que detectou que a escassez de pessoal levou à revisão de prazos de obra em 76% das construtoras brasileiras. Como era de se esperar, para tentar reduzir os impactos da falta de trabalhadores, 74% das empresas entrevistadas pelo estudo têm aumentado salários e oferecido mais benefícios.

Fatores que influenciam os salários da construção civil

Embora se note uma melhora nas remunerações, os salários na construção civil podem variar significativamente, influenciados por uma combinação de fatores que vão desde a experiência e formação até as condições regionais e demandas do mercado.

Assim, profissionais que buscam valorizar sua carreira e empresas que desejam estruturar planos de cargos e salários precisam se manter atentos para identificar as melhores oportunidades e se tornar atrativos, respectivamente.

Entre os principais elementos que impactam a remuneração dos profissionais da construção civil, estão:

Região geográfica

A região onde uma obra é executada é um dos fatores mais determinantes para a variação salarial na construção civil. Essa diferença reflete disparidades econômicas, custo de vida, demanda por mão de obra e até condições climáticas específicas de cada localidade.

Geralmente, em áreas com intensa atividade de construção, a demanda por profissionais é maior, resultando em salários mais altos. Por exemplo, a cidade do Rio de Janeiro é a líder na geração de novos empregos com carteira assinada na construção civil, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Ainda, na região Sudeste se concentra a maior parte dos estabelecimentos da construção civil.

Dessa forma, o salário de um engenheiro civil no Rio de Janeiro é, em média, R$ 9 mil, enquanto em Salvador (BA) é R$ 7 mil, conforme informa o site Galssdoor.

Nível de experiência

O nível de experiência profissional é um dos fatores que influencia os salários em praticamente todas as áreas. Sendo assim, na construção civil não seria diferente.

Profissionais com mais anos de prática e habilidades específicas não só ganham mais, como também assumem cargos de maior responsabilidade.

Basta verificar as vagas disponíveis para engenheiro civil. Um profissional Jr. tem ofertas de empregos com remuneração de R$ 3 mil a R$ 6 mil, dependendo da região do Brasil. Já para um engenheiro civil sênior, o salário oferecido varia de R$ 12 mil a R$ 18 mil, conforme a localização da empresa.

Cargo

Cada função na construção civil tem as suas responsabilidades e exigências quanto à formação e qualificação. Por isso, a remuneração varia significativamente entre quem realiza funções operacionais e os profissionais que ocupam cargos de gestão.

Por exemplo, em termos de responsabilidade, um engenheiro civil assume riscos legais, enquanto um servente executa tarefas supervisionadas. Considerando a qualificação, um eletricista ou um técnico em edificações obrigatoriamente tem de possuir cursos específicos, o que faz com que seus serviços tenham maior valor de mercado que outros profissionais que não precisam atender a tais exigências. 

Porte da empresa

O tamanho e o faturamento da construtora impactam diretamente os salários dos profissionais da construção civil. Geralmente, quanto maior e mais estruturada é a empresa, melhores são os salários e benefícios oferecidos.

Na tabela de salários na construção civil a seguir é possível compreender melhor as diferenças em atuar em uma empresa de porte pequeno, médio e grande:

Porte da empresaCaracterísticasImpacto nos saláriosExemplo de remuneração
Pequena (até 19 funcionários)Obras locais, reformas, residências unifamiliares.Salários próximos ao piso da categoria, menos benefícios.Pedreiro: R$ 2 mil a R$ 2 mil
Média (20 a 99 funcionários)Construtoras regionais, edifícios médios, obras públicas.Salários 10% a 30% maiores que pequenas empresas, às vezes com benefícios.Encarregado: R$ 4,5 mil a R$ 6,5 mil
Grande (mais de 100 funcionários)Incorporadoras nacionais, grandes infraestruturas (estádios, shoppings).Salários 30% a 50% maiores, planos de carreira, benefícios.Engenheiro civil: R$ 8 mil a R$15 mil ou mais

Nível de escolaridade e qualificação

É certo que profissionais com maior formação e certificações tendem a assumir cargos mais estratégicos, ganhar melhores salários e ter mais oportunidades de crescimento.

Um eletricista com NR-10, por exemplo, pode ganhar 20% a mais que um colega sem a certificação. Da mesma forma, um engenheiro com pós em Gestão de Projetos pode conseguir salários 30% superiores.

Na tabela é possível visualizar melhor a maneira como o nível de escolaridade e qualificação influencia nos salários:

Nível de formaçãoCargos típicosImpacto no salárioFaixa salarial (R$)
Ensino fundamentalServente, PedreiroSalários próximos ao piso da categoria, com pouca progressão.1.500,00 a 2.800,00
Curso técnicoTécnico em Edificações, Eletricista, Encanador+30% a 50% em relação ao ensino básico; acesso a cargos especializados.2.500,00 a 6.000,00
Ensino superiorEngenheiro Civil, ArquitetoSalários 2x a 5x maiores, com possibilidade de bônus e benefícios adicionais.6.000,00 a 20.000,00 ou mais

Conjuntura econômica

A construção civil é um dos setores mais sensíveis às oscilações econômicas, e os salários dos profissionais refletem diretamente esse cenário. Desde crises até períodos de crescimento, fatores como investimentos em infraestrutura, taxa de juros e políticas públicas moldam a remuneração da categoria.

Basta olhar o cenário da construção civil entre 20210 e 2014 em comparação com 2015 a 2017. No primeiro período, os engenheiros civis ganhavam até R$ 15 mil em grandes obras, como as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já no segundo, alguns dos salários na construção civil caíram até 20% com o fechamento de empreiteiras.

Onde os profissionais para construção podem atuar

A construção civil deve crescer 2,3% em 2025, conforme a projeção da CBIC. O índice está abaixo do registrado em 2024, quando o crescimento foi de 4,1%.

Mesmo com a desaceleração no crescimento, espera-se que a atividade do setor formal da construção evolua em 2025, o que pode significar muitos postos de trabalho disponíveis para além dos canteiros de obras tradicionais:

  • manutenção e reformas;
  • indústrias e fornecimento de materiais;
  • órgãos públicos e fiscalização;
  • áreas emergentes (sustentabilidade, automação, segurança do trabalho);
  • pequenos negócios(oficinas de marcenaria, serviços de reforma por demanda;
  • consultoria independente.

Qual é o piso salarial da construção civil?

O piso salarial da construção civil é estabelecido por lei ou por acordos coletivos entre sindicatos e empregadores. Por isso, varia conforme a categoria profissional e a região do Brasil. Mas costuma ser superior ao salário mínimo nacional.

O fato de cada estado ter os seus próprios acordos próprios faz com que haja uma diferença nas remunerações praticadas no Brasil. Por exemplo, o Sindicato da Construção Civil do Espírito Santo (Sintracon-ES) estabelece piso de R$ 2.041,60 para pedreiros, enquanto no PR o salário para a mesma função é R$ 2.839,77.

Vale lembrar que o piso salarial é o valor mínimo que um trabalhador deve receber em uma determinada categoria profissional. Também, que cada categoria representa um tipo de profissional da construção civil. Por essa razão, engenheiros civis não têm o valor do salário determinado pelos Sindicatos da Construção, por exemplo. Para esses profissionais o que vale é o valor negociado pelo Sindicato dos Engenheiros em cada estado.

Portanto, não é possível dizer qual é o piso salarial da construção civil da mesma forma como se consegue afirmar qual é o salário mínimo no Brasil. 

Para buscar a informação sobre o piso salarial da construção civil o mais recomendado é consultar o Sindicato da categoria no estado de atuação profissional. Então, um arquiteto em Goiás deve pesquisar sobre a remuneração junto ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO).

A relação entre os salários da construção civil e a produtividade

Uma particularidade do trabalho na construção civil é que, muitas vezes, a remuneração do profissional está atrelada à sua produtividade. Desse modo, trabalhadores que produzem mais no canteiro de obras tendem a receber salários mais elevados. 

“A pessoa produtiva no canteiro tem um salário ótimo. Atualmente, em São Paulo, há carpinteiros que conseguem ganhar até 14 mil reais por mês”, diz David Fratel, diretor-executivo de Engenharia no Grupo Kallas. 

“Remunerações altas também têm sido aplicadas para funções como pedreiro de alvenaria estrutural e fachadeiro”, complementa o engenheiro Alexandre Britez, sócio-diretor da GP&D Consultoria e Projetos.

Fratel e Britez participaram de um webinar promovido pela Autodoc para debater a inovação nos canteiros de obras. Para acompanhar o evento na íntegra, basta acessar o canal da Autodoc no YouTube.

8 habilidades muito valorizadas em profissionais da construção civil

Os profissionais que se destacam no setor combinam competências técnicas e comportamentais, adaptando-se às novas demandas do mercado. Confira as 10 habilidades mais requisitadas.

1. Domínio técnico especializado

Saber interpretar plantas arquitetônicas, elétricas, hidráulicas com precisão e conhecer as normas técnicas como a NBR 6118 e as NRs 18 e 35 são habilidades muito valorizadas nos profissionais que atuam no canteiro de obras.

Dominar as tecnologias como BIM, AutoCAD, drones para levantamentos e gestão de obras também são diferenciais que o mercado da construção deseja que os profissionais possuam. 

Sem contar que os salários de mestres de obras que saibam usar softwares BIM, por exemplo, podem ser 30% maiores em comparação aos dos profissionais que não dominam as novas tecnologias. 

2. Versatilidade em múltiplas funções

É muito bom ser um profissional especialista na construção civil. A depender da área, podem existir poucos profissionais com o mesmo conhecimento e técnica. 

Contudo, há áreas de atuação na construção civil que não comportam a contratação de profissionais especialistas em uma só função, como as de reformas e pequenas obras. 

Assim, nesses segmentos e outros similares, são muito valorizados os pedreiros que tem noção de elétrica básica ou hidráulica, por exemplo, encanadores que sabem fazer reparos em drywall e assim por diante.

3. Gestão de tempo e produtividade

Cumprir os prazos sem comprometer a qualidade é imprescindível na construção civil. Assim, profissionais com o compromisso de otimizar materiais para reduzir desperdícios e entendem conceitos como o de Lean Construction tem um futuro profissional promissor à sua frente.

4. Segurança no trabalho

Nada acontece no canteiro de obras se tudo não estiver de acordo com as nomas regulamentadoras (NRs), especialmente a NR-18, a referente aos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e outras.

Por isso, nas obras da construção civil só são aceitos profissionais que realizam os treinamentos NR-18 e também possuem certificações em NR-10 e NR-35. Essas duas normas impõem condições para Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade e para o Trabalho em Altura, respectivamente.

A principal razão para isso é ter a certeza de que atuam nas obras profissionais com conhecimento para reduzir acidentes e orientar os demais sobre as normas. Com isso, as empresas da construção civil conseguem evitar a paralisação das obras, problemas na fiscalização e as multas impostas para o descumprimento e negligência com a segurança.

5. Sustentabilidade

A sustentabilidade é um tema cada vez mais relevante, especialmente na construção civil. Não à toa, surgem cada vez mais edificações que apresentam certificações que garantem impacto positivo em todos os aspectos do ambiente que será construído.

São exemplos a certificação LEED, que assegura práticas rigorosas de sustentabilidade e

eficiência energética e a  WELL, que avalia fatores essenciais à saúde, bem-estar e conforto, como ar, água, luz, nutrição, conforto térmico, acústico e mental. 

Assim, profissionais que dominam técnicas de construção verde, ou seja, sabem executar sistemas de reúso de água e de captação de energia solar, por exemplo, são cada vez mais necessários no mercado da construção civil.

6. Liderança e comunicação

A construção civil possui uma hierarquia com diferentes cargos de coordenação. Independentemente do nível, é preciso exercer habilidade de liderança e comunicação, importante para motivar equipes e resolver conflitos.

Uma boa liderança também sabe explicar com clareza quais tarefas executar e como realizá-las, por saber o custo que é ter retrabalho na obra. 

Geralmente, acredita-se que a liderança e a comunicação são habilidades para engenheiros, arquitetos, técnicos de segurança do trabalho e outros profissionais com cargos exercidos muito mais em escritórios do que no canteiro de obras. Mas isso é um erro.

Um mestre de obras pode ganhar muito na atuação no canteiro de obras se desenvolver essas habilidades por meio de um curso de gestão de pessoas, por exemplo. Afinal, as empresas começam a entender o valor de profissionais que conhecem as etapas de uma obra, da fundação aos acabamentos finais.

7. Adaptação a novas tecnologias

A construção civil requer, cada dia mais, soluções que agreguem eficiência, segurança e economia, reduzam burocracias e sejam capazes de fazer a integração de dados. A questão é que nada disso se faz sem tecnologia.

Por isso, adaptar-se às ferramentas tecnológicas disponíveis e que ainda surgirão para a construção civil é algo que os profissionais precisam para estarem qualificados para o mercado de trabalho.

Hoje, já existe controle de acesso ao canteiro de obras por reconhecimento facial, compatibilização de projetos em BIM e plataformas que agregam todo o tipo de serviços que até pouco tempo ainda eram analógicos. Prova de que a evolução ocorre rápido e precisa ser acompanhada para garantir o espaço no mercado de trabalho.  

8. Resolução de problemas

O canteiro de obras é um ambiente dinâmico e imprevisível, onde muitos desafios podem surgir diariamente. É por isso que saber solucionar problemas é uma habilidade necessária aos profissionais.

Quem sabe resolver problemas consegue evitar atrasos na obra e custos extras porque sabe como agir rapidamente e o que fazer para contornar a situação antes que cause mais danos. Também garante a segurança no canteiro de obras, otimiza o uso de recursos e melhora a qualidade da obra.

Como ter o controle dos profissionais na obra?

Embora os salários da construção civil possam afastar os trabalhadores do canteiro de obras, também podem se tornar muito atrativos, a depender do que é ofertado, ou seja, o reconhecimento além da remuneração. 

Ter pacote de benefícios e políticas de qualificação profissional para progressão na carreira são atrativos valiosos. Em contrapartida, os colaboradores precisam estar presentes para exercer suas funções no canteiro de obras em acordo com todas as exigências que isso implica.

Mas como ter controle dos profissionais na obra? As construtoras podem contar com soluções inteligentes para a gestão de sua força de trabalho.

Há ferramentas tecnológicas para controle de acesso ágil e seguro aos canteiros, sistemas eletrônicos para registro de ponto e softwares para gestão de documentos legais, fiscais e trabalhistas.Esse conjunto de soluções permite que as construtoras trabalhem com maior controle, conformidade às normas e segurança jurídica. A Autodoc fornece todas elas a partir da Autodoc Catraca, Autodoc Ponto e Autodoc GD4. Com uma demonstração é possível conhecer todas elas e entender como promover a digitalização do canteiro de obras.

Foto de Renata Moraes

Renata Moraes

É engenheira civil, com vasta experiência no setor da construção civil, nas áreas de Gestão de Qualidade, Desenvolvimento Tecnológico e Auditoria. Lidera equipes e iniciativas focadas em eficiência operacional e transformação digital com o objetivo de promover a inovação.

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