Compatibilização de Projetos: veja boas práticas para suas obras
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Fundamental para o sucesso das obras na construção civil, a compatibilização de projetos representa um enorme desafio para os profissionais do setor.

Muito se fala sobre a importância desse processo para evitar interferências entre as diferentes disciplinas e integrar soluções. Contudo, na prática, o que se vê ainda são muitas empresas operando com pouca sinergia e tendo que administrar, no canteiro, conflitos decorrentes da falta de uma visão sistêmica.

Quem nunca se deparou com situações como vigas e tubulações hidráulicas se chocando? Ou com a distribuição de cabos e eletrodutos em áreas que serão perfuradas posteriormente?

Não sem motivo, na avaliação das empresas que atuam no mercado imobiliário, a falta de compatibilização é a dor mais latente relacionada à gestão de projetos. Quem afirma isso é a pesquisa Cenário Construtivo Brasileiro 2023, desenvolvida pela Thórus Engenharia e pela Otus, divulgada em junho. 

281 construtoras e incorporadoras de diferentes regiões do país foram ouvidas. Para 49% dos entrevistados, a compatibilização ineficiente é o problema número um a ser enfrentado. Afinal, ele é causa de estouros, tanto em cronogramas, como em orçamentos. 

O que é a compatibilização de projetos, afinal?

De forma simplificada, a compatibilização é um processo que se vale da sobreposição de todos os projetos — estrutura, elétrica, hidráulica, impermeabilização, combate a incêndios, entre outros — antes do início da construção.  

O seu objetivo é identificar soluções apropriadas para as demandas do empreendimento e evitar que os diferentes elementos construtivos interfiram um no outro.

A compatibilização de projetos é uma ferramenta necessária para a melhoria da qualidade do projeto à medida que contribui para a eliminação de não-conformidades.

A construção não se trata de algo opcional, na opinião de muitos profissionais e sim um processo que está relacionado à perenidade e à sustentabilidade dos negócios.

Como é elaborada a compatibilização de projetos na construção civil?

Você sabia que muito da ineficiência do processo de compatibilização de projetos se deve à forma como essa atividade é conduzida?

Vamos começar pelo processo tradicional de desenvolvimento de projetos. Nesses casos, prevalece uma ordem cronológica e sequencial. Assim, isso significa que a arquitetura dá o pontapé inicial, seguida da estrutura e das demais disciplinas, como instalações hidráulicas e elétricas. Somente ao final do desenvolvimento desses projetos acontece a análise de compatibilização entre as disciplinas, momento em que as inconsistências podem ser detectadas.

Durante muito tempo a compatibilização foi feita seguindo essa lógica. Inicialmente o trabalho era realizado de forma manual, com a sobreposição de desenhos em pranchas físicas.

Aos poucos esse tipo de método mostrou-se incapaz de oferecer precisão, diante do ganho de complexidade dos projetos, do aumento do número de disciplinas envolvidas e da abreviação dos cronogramas, que exigem ações mais ágeis.

Como funciona a compatibilização de projetos nos dias de hoje?

Ao longo dos anos, a forma de compatibilizar projetos passou por muitas transformações. Primeiro surgiram programas como o CAD 2D, oferecendo uma forma menos desgastante e demorada de compatibilizar. Ainda assim, o processo permanecia ineficiente na detecção de interferências.

A evolução tecnológica prosseguiu com a chegada dos modelos 3D, agregando assertividade ao processo. Apesar do avanço, restava uma limitação. A análise de interferências estava restrita ao desenho e não permitia a visualização e o estudo das informações de cada projeto.

Foi então que surgiu o BIM (Building Information Modeling).

Antes de explicar a relação entre o BIM e a compatibilização de projetos, precisamos falar sobre os diferentes graus de maturidade das empresas quando o assunto é compatibilização de projetos. 

… construtoras optam por resolver, na obra, os problemas decorrentes das incompatibilidades.
_ Paulo Henrique Klein, Otus Engenharia

Em live recente, Paulo Henrique Klein, diretor de Marketing e Educação na Otus Engenharia, explicou que é possível classificar as práticas das construtoras em quatro níveis principais:

  • Nível 1 — Empresas que simplesmente não fazem compatibilização de projetos. “Essas construtoras optam por resolver, na obra, os problemas decorrentes das incompatibilidades”, comentou Klein.
  • Nível 2 — São empresas que realizam a compatibilização em 2D, por meio da sobreposição de plantas de AutoCad.
  • Nível 3 — São os usuários dos modelos BIM, mas que limitam o uso da metodologia à análise de interferências físicas (clash detection).
  • Nível 4 — Neste grupo estão as empresas que já avançaram no uso do BIM, têm um processo definido de compatibilização e que conseguem realizar esse trabalho em etapas.

Como o BIM pode melhorar a compatibilização de projetos?

A modelagem da informação da construção prevê o compartilhamento e a criação colaborativa e integrada entre os projetistas que participam do empreendimento. Essa atuação simultânea cria a oportunidade de verificação das incompatibilidades, permitindo imediata correção, de forma antecipada. 

Em outras palavras, o BIM viabiliza um processo de projeto e construção mais integrado, oferecendo a oportunidade para identificar incompatibilidades cada vez mais cedo.

O impacto da implantação do BIM pode ser notado nos resultados da pesquisa Cenário Construtivo, citada no início deste texto. Entre as empresas entrevistadas que já trabalham com o BIM, 90% detectaram redução de incompatibilidade dos projetos após a adoção da modelagem da informação da construção.

Por que investir em compatibilização?

Você ainda não se convenceu da importância da compatibilização de projetos para termos obras mais racionais, econômicas e produtivas? Então, confira quatro grandes situações muito comuns em projetos com falhas de compatibilização:

  • Estouro de orçamentos por conta de custos adicionais não previstos na construção;
  • Atraso no cronograma de entrega do empreendimento, implicando em desgastes com os clientes e pagamento de multas;
  • Redução da qualidade. Isso gera insatisfação e custos extras no pós-obra.
  • Retrabalho e desperdício de materiais e homens-hora, sinônimo de perda de competitividade.

Qual é a relação entre coordenação de projetos e compatibilização?

A compatibilização impacta a atuação de vários agentes em um processo de desenvolvimento imobiliário, do incorporador ao arquiteto, passando por projetistas e consultores. Por isso, nesse fluxo multidisciplinar, duas figuras merecem ser detalhadas: o compatibilizador e o coordenador.

O compatibilizador, como o próprio nome indica, é o responsável por compatibilizar os arquivos fornecidos pela arquitetura com as demais disciplinas. É ele quem reporta inconsistências nos projetos e gerencia os relatórios enviados para os projetistas.

Já o coordenador gerencia a compatibilização e promove reuniões de validação dos problemas. Esse profissional precisa lidar, em seu dia a dia, com a resolução dos problemas e com a falta de visão geral do volume de pendências de cada projetista.

Tanto o compatibilizador, quanto o coordenador, são figuras imprescindíveis para o sucesso de um projeto. Por isso, a primeira dica para quem quer evitar dores de cabeça nas obras é investir em profissionais competentes para as funções de coordenador e compatibilizador. 

Outras boas práticas na compatibilização de projetos

Melhore a comunicação entre todos os envolvidos

A comunicação é chave para o sucesso de um processo de compatibilização. Hoje já há vários softwares que facilitam a comunicação entre os projetistas. O bom uso dessas ferramentas pode ajudar no registro de ocorrências, na resolução de conflitos e na evolução do projeto como um todo. 

De acordo com dados do PMI (Project Management Institute), organizações com comunicação altamente eficaz concluem 80% dos projetos conforme os objetivos planejados. Esses resultados são 54% superiores aos registrados nas empresas que não se comunicam bem.

Se você ainda não fez isso, inicie a migração para o BIM

A modelagem da informação da construção ajuda bastante no processo de compatibilização, mas preciso lembrar que ela é apenas uma ferramenta. Sem profissionais capacitados e comprometidos com um processo bem amarrado, o BIM não faz milagre.

Vale lembrar que, hoje, as melhores práticas de compatibilização estão concentradas nos escritórios de coordenação de projetos que se especializaram em BIM.

Dê atenção extra aos itens mais críticos

Qualquer falha de compatibilização, por mais simples que seja, pode implicar em grandes perdas de produtividade e de recursos no canteiro. No entanto, vale dar atenção extra a alguns itens que, na maioria das vezes, geram problemas. Estamos falando principalmente de esquadrias, shafts, enchimentos de pilares e vigas de transição.

Explore os benefícios do trabalho colaborativo

Muitas falhas que colocam em risco o resultado das empresas acontecem por falta de interação e devido aos silos de informação entre os diferentes atores do projeto. Isso torna-se ainda mais crítico na indústria da Construção Civil, caracterizada por ser heterogênea e fragmentada, altamente dependente de profissionais com diversas formações e expertises. 

Nesse ponto, a tecnologia digital, com destaque para os softwares de gestão de projetos, podem contribuir bastante para o trabalho colaborativo. 

Digitalize seu dia a dia com a Autodoc

Agende uma demonstração para conhecer mais sobre as ferramentas de colaboração Autodoc. 

Fornecido na modalidade software as service, o Autodoc Projetos foi desenvolvido sob medida para atender as necessidades da indústria da construção, garantindo a colaboração entre todos os envolvidos em tempo real. 

Outra solução que vale conhecer é o Autodoc 4BIM, plataforma completa para colaboração em projetos BIM. Um dos aspectos mais interessantes dessa ferramenta é que ela utiliza um CDE – Common Data Environment (em português, ambiente comum de dados).

Em suma, ao centralizar o compartilhamento de informações e interações em modelos de projetos BIM em um CDE, o Autodoc 4BIM melhora a comunicação e a colaboração entre todas as partes interessadas e eleva a produtividade, além de diminuir os erros de projeto e evitar problemas de compatibilidade.