Construir com maior produtividade, mantendo a qualidade, sem desperdícios e retrabalhos, é um desafio e tanto para a construção civil brasileira. Mas o que algumas empresas têm percebido é que dá para atingir esse objetivo com a aplicação de conceitos de produção enxuta na gestão das obras.
O que é o lean construction?
A maneira como os processos produtivos são abordados é o que diferencia o sistema tradicional de construção e o lean construction. Estamos falando de uma filosofia de gestão resultante do lean thinking (pensamento enxuto) adaptada para as particularidades da construção e apresentada pela primeira vez em 1992, por Lauri Koskela.
Segundo o Lean Institute Brasil, “a filosofia lean é um corpo de conhecimento cuja essência é a capacidade de eliminar desperdícios continuamente e resolver problemas de maneira sistemática. Isso implica repensar a maneira como se lidera, gerencia e desenvolve pessoas”.
Ao voltar as atenções para a redução de desperdícios (visíveis e ocultos), a construção enxuta adquire um apelo de sustentabilidade muito forte. Perdas por ineficiência de produção e logística, atrasos decorrentes de falhas de planejamento e baixa produtividade das equipes são pontos intensamente atacados no lean construction.
Quando implantada com sucesso, essa metodologia pode levar a construtora a:
- Reduzir o tempo total das obras;
- Aumentar a produtividade em canteiro;
- Minimizar o desperdício de materiais;
- Ter uma gestão mais simples e funcional.
Os princípios do lean construction
A construção enxuta se baseia em 11 princípios detalhados abaixo:
1. Minimizar atividades que não agregam valor ao produto. A ideia é eliminar etapas desnecessárias ou repetitivas ao longo do processo produtivo. É necessário, porém, fazer isso com inteligência, uma vez que há atividades que não agregam valor diretamente, mas que são essenciais para a eficiência global dos processos.
2. Aumentar o valor do produto de acordo com as necessidades do cliente. Nesse ponto, fica evidente a necessidade de conhecer a fundo o público-alvo.
3. Reduzir a variabilidade dos produtos/entregas. Aqui há algo especialmente crítico para a construção, que tradicionalmente lida com altos índices de imprevistos. Mas é possível adotar alguns padrões para otimizar tempo e reduzir perdas. Optar por um sistema único para instalações elétricas e hidráulicas, por exemplo, é uma ação típica da construção enxuta, apenas para citar um exemplo.
4. Reduzir o tempo de ciclo de produção. Outra ação típica do lean construction é concentrar os esforços da produção em lotes menores, eliminando interdependências entre as atividades.
5. Simplificar através da diminuição do número de passos ou partes de um processo;
6. Melhorar a flexibilidade do produto, tornando-o mais customizável.
7. Melhorar a transparência do processo. A ideia é a de que quanto mais transparente for a gestão de obras em todas as etapas, mais simples será a comunicação e menores serão os índices de falhas.
8. Controlar o processo global, e não somente suas partes;
9. Introduzir a melhoria contínua no processo;
10. Balancear as melhorias entre o fluxo e as conversões;
11. Aplicar o benchmarking para estar sempre acompanhando as melhores práticas do setor.
Desafios para implementação
Embora pareça simples, implementar a filosofia lean nem sempre é algo fácil pois requer uma mudança radical de mentalidade, valores e disciplina. Apenas a introdução de algumas ferramentas não significa, necessariamente, sucesso na implementação.
No Brasil, a adesão à metodologia é crescente. Mas ainda são raras as empresas que conseguem aplicar a filosofia lean de forma ampla. A questão cultural, a baixa industrialização e a escassez de planejamento são obstáculos importantes a serem superados.
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