Sempre que o tema é BIM (Building Information Modeling), é inevitável falar sobre os modelos federados. Estamos nos referindo àqueles modelos de dados que permitem que os usuários trabalhem em um ambiente de compartilhamento e colaboração.
Você sabe que a colaboração e a gestão da informação estão na essência do BIM, não é mesmo?
Ficou interessado em saber mais sobre esse tema? Então siga conosco. Nós te contamos tudo, em detalhes:
O que é o BIM e por que todo mundo só fala sobre isso?
Para começo de conversa, é importante contextualizar. O BIM é uma metodologia de trabalho colaborativa baseada em um modelo único tridimensional. Esse modelo 3D é carregado com informações que servirão a todas as etapas do ciclo de vida de um projeto construtivo.
A modelagem da informação da construção, portanto, integra arquitetos, engenheiros e construtores na elaboração de um modelo digital preciso, com uma base de informações para apoiar diferentes etapas do ciclo de vida da edificação, do projeto à operação e manutenção.
Já não é de hoje que percebemos o BIM como uma evolução sem volta. Em muitos países, a modelagem da informação da construção começou a ganhar tração na década de 2000. Na Europa, no Japão e nos Estados Unidos, por exemplo, o uso da metodologia foi evoluindo desde então, atingindo diferentes níveis de maturidade.
No Brasil esse movimento também pode ser notado. A adesão crescente ao BIM se deve, em grande parte, à percepção de muitas empresas de que esta é uma rota segura para obter vantagens competitivas, como:
- Dar precisão aos projetos e evitar retrabalhos;
- Operar com mais produtividade;
- Obter maior controle sobre os recursos utilizados.
Por aqui, o protagonismo adquirido pelo BIM também se explica pela imposição de alguns contratantes, que passaram a condicionar o uso da modelagem da informação à participação de concorrências. Decretos, como o 10.306, de 2 de abril de 2020, impulsionaram ainda mais a aplicação da modelagem ao exigi-la para a contratação de obras públicas.
Fato é que, na atualidade, o BIM já não é visto pelo mercado como um diferencial a ser oferecido. Ele converteu-se em uma necessidade para quem não quer ficar para trás e ser alijado de licitações e concorrências, sejam construtoras, escritórios de projetos ou fornecedores.
Mas o que são os modelos federados, afinal?
O modelo federado, também conhecido como modelo multidisciplinar, consiste em um arquivo gerado ou integrado por softwares BIM, envolvendo diversas especialidades, tais como arquitetura, cálculo estrutural, instalações hidrossanitárias, elétrica e ar condicionado.
Como você já sabe, quando usamos o BIM diferentes modelos tridimensionais são desenvolvidos pelos projetistas de cada disciplina envolvida. O modelo federado nada mais é do que a integração de todos esses trabalhos em um único modelo central integrado.
De acordo com definição do BIM Dictionary, “o modelo federado é um modelo BIM que vincula (não mescla) diversos modelos mono-disciplinares. Ao contrário dos modelos integrados, os modelos federados não mesclam as propriedades dos modelos individuais em uma base de dados única”. Isso significa que, no modelo federado, os componentes são conectados uns aos outros, mas são distintos, uma vez que eles não perdem sua integridade. O modelo federado pode ser atualizado de modo síncrono, mediante ajustes em qualquer um dos modelos.
Quais são as vantagens do modelo federado?
Você pode estar se perguntando, por que isso é importante?
Basicamente, o modelo federado é crucial para haver um fluxo de trabalho adequado e para viabilizar diversas ações como a coordenação de modelos e a compatibilização de projetos.
A utilização do modelo federado permite que todas as partes envolvidas trabalhem de forma plenamente integrada. O compartilhamento de informações e a coordenação entre as disciplinas envolvidas são facilitados, assim como o controle das interferências e a verificação de eventuais problemas relacionados com o projeto.
De forma bem objetiva, o modelo federado permite:
- Colaboração mais eficiente. Todas as partes interessadas podem trabalhar com seus próprios modelos, sabendo que todas as informações serão integradas no modelo final.
- Menos erros, ao melhorar a compreensão do projeto em todas as suas partes. Além disso, o uso do modelo federado permite compatibilização e integração das disciplinas durante o processo de projeto em BIM e não somente ao término dos projetos.
- Mais produtividade. O modelo federado fornece um contentor de informações, que pode ser consultado e implementado por qualquer profissional ao longo do tempo.
- Projetos melhores. Ao integrar dados de diversas fontes, o modelo federado permite criar modelos BIM mais complexos e muito mais detalhados.
Como o modelo federado funciona na prática?
O modelo federado se baseia em um conjunto de especificações abertas e de padrões, o que permite que diferentes aplicativos BIM sejam compatíveis e interajam entre si.
O processo começa, na maior parte das vezes, com a modelagem arquitetônica da construção. A partir deste projeto, outros especialistas desenvolvem as partes de suas respectivas competências importando o modelo arquitetônico em formato IFC (Industry Foundation Classes).
Aqui, cabe um parênteses. Desenvolvido pela buildingSMART como uma solução de interoperabilidade, o IFC é um formato de arquivo neutro que permite a troca de informações entre as diferentes aplicações BIM, inclusive entre softwares produzidos por diferentes fabricantes. Graças ao IFC, um profissional que usa Archicad (Graphisoft), por exemplo, consegue exportar seu modelo para ser visualizado por outro profissional que utiliza Revit (Autodesk) ou qualquer outro software IFC compatível.
Voltando ao modelo federado, uma vez concluído, ele se converte na representação digital completa do projeto.
Modelo federado em nuvem é sinônimo de mais produtividade
Se por um lado o uso do modelo federado proporciona um fluxo de trabalho mais azeitado, por outro ele impõe alguns desafios aos profissionais. O principal deles é manter a compatibilidade e a consistência entre os níveis dos modelos individuais com o modelo federado.
Nesse ponto, ter um software para auxiliar na elaboração e na gestão dos modelos federados é fundamental para garantir um fluxo de trabalho contínuo e produtivo.
Há algumas soluções no mercado desenvolvidas com esse propósito, com destaque para o Autodoc Projetos 4 BIM. Fornecido na modalidade SaaS (Software as a Service), ele permite gerar modelos federados a partir dos modelos RVTs de diferentes disciplinas na nuvem. Aliás, você sabia que os modelos federados em nuvem agregam agilidade na visualização e em tomadas de decisão por não exigirem download ou ferramentas adicionais?
Outro aspecto interessante do Autodoc Projetos é utilizar um Commom Data Environment (CDE), ou em português, ambiente comum de dados. Além disso, o software permite atualizações automáticas do modelo federado sempre que há novas publicações de arquivos relacionados. Clique aqui e agende uma demonstração para conhecer mais detalhes!
Uma breve síntese sobre o que vimos a respeito do modelo federado
O modelo federado consiste em um arquivo centralizado, em um único ambiente virtual, composto por diversas disciplinas e modelos. A integração multidisciplinar proporcionada por ele permite a interoperabilidade entre as disciplinas, assim como a coordenação e a compatibilização de projetos.
No dia a dia, cada disciplina de projeto utiliza um software especializado (de estruturas, de arquitetura, de instalações, etc). O modelo federado BIM reúne estes diferentes arquivos em um mesmo ambiente colaborativo, seja com o seu formato nativo ou em formatos abertos, como o IFC.
Ao proporcionar um melhor fluxo para a coordenação do projeto e para o compartilhamento de informações, o modelo federado contribui para a detecção de conflitos das geometrias dos modelos, antecipando a resolução dessas incompatibilidades antes de eles se transformarem em problemas a serem solucionados na obra.
Importante pontuar que, para as empresas da construção civil, a qualidade da compatibilização está diretamente relacionada à perenidade e à sustentabilidade dos negócios. Basta lembrar que falta de consistência nos projetos, atrasos no cronograma, aumento dos custos previstos no orçamento, retrabalhos, e perda de qualidade são alguns dos problemas aos quais as empresas estão suscetíveis quando não há perfeita integração entre os projetos.
Antes de concluir, um dica de leitura
Se você tem interesse em aprofundar seus conhecimentos sobre a modelagem da informação da construção, fique de olho nessa dica. A equipe de Autodoc preparou uma série de materiais ricos disponíveis para download gratuito. Desenvolvidos com o apoio de experts do assunto, eles esclarecem várias questões relacionadas ao BIM. Não deixe de conferir:
- BIM — Como superar os principais desafios no uso do modelo?
- BIM, Brasil e Mundo — Volume 1
- BIM, Brasil e Mundo — Volume 2 — Desmistificando o BIM: Esclarecendo mitos sobre a implantação
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