O termo “Indústria 4.0” foi usado pela primeira vez em 2011, durante a Feira de Tecnologia de Hannover, evento que acontece todos os anos na cidade alemã.
O Governo Alemão passou a incentivar e patrocinar a revolução promovida pela Indústria 4.0 juntamente com universidades, centros de pesquisa e empresas de tecnologia. Para entendermos melhor a chamada Quarta Revolução Industrial, vamos relembrar o que foram as três revoluções anteriores:
Primeira Revolução Industrial – Mecânica
Caracterizada pelo uso da energia mecânica, das máquinas a vapor e das ferrovias, teve início em meados do século XVIII e marcou a passagem da manufatura para o sistema fabril.
Segunda Revolução Industrial – Elétrica
Ocorreu entre o final do século XIX e início do século XX, é caracterizada pela substituição da energia a vapor pela energia elétrica nas fábricas e pela criação da linha de produção em massa, o conhecido “fordismo” idealizado por Henry Ford em 1913.
Terceira Revolução Industrial – Automação
A partir da década de 1970, tarefas mecânicas e repetitivas praticadas nas fábricas começaram a ser automatizadas. Tudo isso graças ao desenvolvimento da robótica.
Em que consiste a Quarta Revolução Industrial?
A diferença da Indústria 4.0 para as revoluções anteriores, é que ela se caracteriza por um conjunto de tecnologias que permitem a convergência do âmbito físico e digital. Essa não é uma mera novidade no processo de fabricação, trata-se de um avanço que impacta toda a cadeia de produção a nível mundial.
Os pilares que sustentam a Indústria 4.0 não são tão novos quanto esse termo. Muitos deles foram idealizados na década de 90, época em que a internet e computadores pessoais começaram a se popularizar globalmente. Em conjunto, esses pilares promovem inovações em automação, controle otimização do processo de produção em massa. Máquinas modernas são capazes de executar tarefas mais complexas, levando a automação a um nível nunca atingido antes.
A empresa de comércio eletrônico Amazon possui mais de 100 mil máquinas trabalhando em seus armazéns. “Quando existem dezenas de milhares de pedidos acontecendo simultaneamente, você está indo além do que um humano pode fazer”, declarou Tye Brady, chefe de tecnologia da transnacional, em evento da MIT Technology.
Pilares da Indústria 4.0
IoT:
Objetos físicos estão conectados à internet para que possam executar determinadas funções de forma coordenada. Através de sensores e atuadores, objetos são capazes de trocar dados com ambientes, veículos e máquinas.
Sua utilização tem se popularizado em residências de países desenvolvidos na otimização de atividades domésticas. No entanto, a tecnologia é utilizada também na indústria para obtenção de dados de campo, por exemplo. Assim, gestores passam a ter outras fontes de dados para orientar suas tomadas de decisões.
Big Data e Data Analytics:
Nunca antes na história tivemos tantos dados em tráfego como nos dias atuais. Estamos gerando dados o tempo inteiro, ainda que a gente não perceba. Devido à sua capacidade de coleta, armazenamento, análise e estruturação de grande volume de dados em rede, o Big Data é um dos principais pilares da Indústria 4.0.
O cruzamento entre dados de fontes distintas é capaz de nos levar a descobertas inimagináveis, identificar gargalos, suportar a tomada de decisões e até mesmo indicar padrões e tendências.
Inteligência Artificial:
A Inteligência Artificial é capaz de aprimorar o uso do IoT e da Big Data, pois possibilita que a máquina execute tarefas e tome algumas decisões de forma autônoma.
No Brasil, ainda há bastante espaço para esse pilar se desenvolver. De acordo com um estudo da consultoria McKinsey publicado em maio de 2017, quase 50% dos atuais postos de trabalho no Brasil poderiam ser automatizados (ou 53,7 milhões de um total de 107,3 milhões). E, além de substituírem estes postos de trabalho, as máquinas também poderiam ser mais inteligentes, com tendência a tomar rapidamente decisões importantes diretamente da linha de produção.
Manufatura Aditiva:
A Manufatura Aditiva nada mais é do que a famosa Impressão 3D. Consiste na adição de material para fabricação de protótipos e peças customizadas, sem a necessidade de utilizar moldes físicos. Na construção civil é muito utilizada na elaboração de maquetes, e também nos próprios edifícios, por exemplo em construções modulares.
Cloud Computing:
A computação em nuvem consiste no armazenamento de dados em banco de dados virtuais que podem ser acessados via web de qualquer lugar do mundo. O IoT e o Big Data só existem graças ao Cloud Computing.
Cibersegurança:
“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Ainda que dados não sejam superpoderes propriamente ditos, é preciso ter atenção especial com sua segurança. Isso, pois dados confidenciais em mãos erradas podem causar grandes problemas.
A segurança de dados deve ser entendida como uma cebola, em que o dado é o núcleo da cebola e o indivíduo deve passar por todas as camadas até chegar ao dado. Assim, é necessário trabalhar cada camada, dificultando o acesso, de forma que o núcleo só seja acessado por quem tem todas as “chaves” para chegar até ele.
Princípios da Indústria 4.0
Tempo Real:
Através da automatização de processos, a captação e gerenciamento de dados pode ser feita de forma instantânea, permitindo uma tomada de decisões eficiente em tempo real.
Descentralização:
Com o propósito de otimizar a produção na indústria, sistemas tomam decisões com base em análise de dados, sem depender de ação externa, tornando a tomada de decisão mais segura e certeira.
Modularidade:
Este princípio agrega à indústria a capacidade de fabricar conforme demanda, visto que irá utilizar somente os recursos necessários para a realização de cada tarefa, garantindo otimização na produção e economia de energia.
Virtualização:
Consiste em uma cópia dos locais de trabalho em formato virtual. Sensores equipados com tecnologia bluetooth e RFID (identificação por radiofrequência) se encontram espalhados por todo local. Dessa forma, todos os processos automatizados podem ser monitorados virtualmente, em qualquer lugar, por meio de um smartphone, computador ou tablet.
Interoperabilidade:
É a possibilidade de comunicação constante entre colaboradores e maquinário, em qualquer lugar, por meio de qualquer dispositivo. Isso é possível graças ao IoT (Internet das Coisas).
Benefícios da Indústria 4.0
O gerenciamento eficaz da indústria possibilitado pelas tecnologias 4.0 reduz erros operacionais, desperdícios e eleva a produtividade, o que torna seu negócio mais lucrativo.
Apesar da aplicação da Indústria 4.0 significar um alto investimento, certamente os custos de produção serão reduzidos. Segundo a ABDI, a estimativa anual de redução dos custos industriais no Brasil com a migração da indústria para o conceito 4.0 será de, no mínimo, R$73 bilhões/ano.
Com um bom planejamento, as tecnologias podem ser introduzidas de forma gradual sem pesar no orçamento. A tendência é que, conforme o conceito se estabeleça de forma plena no Brasil, sua implementação se torne mais acessível.
Indústria 4.0 no Brasil
Grande parte das empresas brasileiras ainda não se desgarraram dos modelos tradicionais de produção, que possuem maior dependência humana. Alguns especialistas afirmam que o Brasil ainda está transitando da Segunda para a Terceira Revolução.
O fato é que a Quarta Revolução Industrial vem para contribuir e otimizar estes dados, e acredita-se que gradualmente ela passará a fazer parte da realidade da indústria brasileira.
Em setembro de 2017, Fiesp, Ciesp, Senai-SP e ABDI lançaram o programa “Rumo à Indústria 4.0”. Segundo o Governo Federal, o objetivo do programa é difundir o conceito e as tecnologias da Indústria 4.0 junto às empresas nacionais.
Como parte do programa, o MDIC formou o Grupo de Trabalho para a Indústria 4.0 (GTI 4.0). O grupo é composto por mais de 50 instituições representativas que oferecem diversas contribuições e debates sobre diferentes perspectivas e ações para a Indústria 4.0 no Brasil, com intuito de ser criada uma agenda nacional que vise a difusão da Quarta Revolução Industrial no Brasil.
Um dos resultados da Agenda Brasileira para Indústria 4.0 é a elaboração de 10 medidas a serem tomadas na trajetória rumo à implantação das tecnologias no país.
Impactos da Indústria 4.0
A Indústria 4.0 visa elevar a eficiência e a produtividade do setor industrial. Naturalmente, com a automatização de processos, acaba ocorrendo a substituição da força humana de trabalho por máquinas. Neste cenário em que máquinas assumem as funções operacionais, o homem passa a ter papel estratégico.
Assim, um dos maiores impactos da Indústria 4.0 no mundo, é a necessidade ainda maior de capacitação técnica e tecnológica por parte dos profissionais. Além disso, também é necessário estimular a criatividade e a inovação, características restritas somente aos seres humanos.