Tempo estimado de leitura: 7 minutos
A falta de mão de obra na construção civil é um dos entraves prioritários que as empresas precisam eliminar para aproveitar todas as oportunidades decorrentes do aquecimento do mercado em 2024.
Um possível apagão de mão de obra não é um problema novo. Contudo, ele vem se agravando, como mostram alguns estudos e pesquisas. Continue conosco para entender o tamanho desse problema e, principalmente, o que pode ser feito para minimizá-lo.
Confira neste artigo:
Escassez de mão de obra já afeta 7 em cada 10 construtoras
A construção civil é um dos maiores geradores de emprego e renda no país. Para se ter uma ideia, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), nos últimos quatro anos, o aumento de pessoas empregadas com carteira assinada no setor foi de 40%. Isso significa que, a cada ano, o número de trabalhadores da construção civil cresce a um ritmo de quase 10%. Ao mesmo tempo, estamos falando de uma indústria na qual a fundamentação técnica é primordial.
Por isso, a falta de mão de obra é tão preocupante. No último ano, as sondagens realizadas pelo FGV Ibre para o Índice de Confiança da Construção (ICST) vêm mostrando a escassez de mão de obra qualificada como um dos principais fatores limitativos à melhoria dos negócios, um motivo de preocupação para construtoras e incorporadoras.
Nos grandes centros, principalmente, já há grande dificuldade para contratar mestres de obra, pedreiros, eletricistas, carpinteiros e até engenheiros. De acordo com enquete produzida pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) em 2023, 7 em cada 10 construtoras sofrem com a falta de trabalhadores.
Aumento da idade média dos trabalhadores na construção civil
Outros dados alarmantes vêm do estudo “Perfil da mão de obra na construção civil” realizado pela Autodoc. O trabalho mostrou que, há seis anos, os trabalhadores que atuam na construção civil tinham, em média, 36 anos. Em 2023 esse número chegou a 42 anos.
Os dados, coletados desde janeiro de 2016 até o final de 2023, foram obtidos a partir de uma amostragem composta por 794.216 colaboradores registrados no Autodoc GD4, software de gestão de documentos legais, fiscais, de saúde e segurança do trabalho utilizado em mais de 1300 obras, em todo o país.
Ainda segundo o estudo da Autodoc, no caso dos oficiais, a idade média subiu mais de 8%, de 37 anos em 2016 para 40 anos em 2023. Nessa categoria está a maior quantidade de profissionais que fazem a obra acontecer, como pedreiros, carpinteiros, armadores, almoxarifes, apontadores, eletricistas, pintores e gesseiros, entre outros.
Há de se destacar, também, o aumento da idade média dos mestres de obra, que saltou de 40 anos em 2016 para 45 anos em 2023. Isso é um indicador de um problema já detectado em muitas construtoras: a dificuldade de repor os profissionais que estão se aposentando.
“Em especial a mudança no perfil dos mestres de obra ressalta, de maneira clara, os desafios enfrentados no processo de formação de novos profissionais e indicam uma notável lacuna na sucessão de lideranças no setor”, comenta Felipe Canuso, Chief Product Officer na Autodoc.
Por que falta mão de obra qualificada no Brasil?
O diagnóstico feito por entidades setoriais como SindusCon-SP e CBIC, bem como por importantes players do setor, é claro. A falta de trabalhadores para a recomposição dos quadros é um reflexo de dois fatores principais:
- Baixa atratividade da construção civil — O trabalho nos canteiros de obra está associado à realização de serviços fisicamente penosos, mal remunerados e com carga horária rígida.
- Transformações no mundo do trabalho — Especialmente após a pandemia, muitos jovens têm preferido atuar em atividades mais flexíveis, que oferecem mais autonomia, como motorista por aplicativo e motoboy, por exemplo.
Como resolver a falta de mão de obra?
Problemas de alta complexidade como a escassez de trabalhadores não se solucionam de uma hora para outra, exigindo medidas estruturais. Ainda assim, há algumas ações que as empresas podem adotar para minimizar os efeitos da falta de mão de obra. A maioria passa pela valorização do trabalho na construção civil. Confira a seguir algumas práticas recomendadas:
Investir em treinamentos e capacitação — A aproximação das empresas com as instituições de ensino é uma das estratégias que podem ajudar a diminuir o gap entre a grande massa de pessoas que querem se desenvolver profissionalmente e as demandas do setor.
O programa Qualificação nos Canteiros de Obras, promovido pelo SindusCon-SP e pelo Senai-SP, ilustra esse tipo de abordagem. A iniciativa oferece cursos gratuitos com duração de 40 a 80 horas abordando serviços como revestimento com placas cerâmicas, execução de formas de madeira e armação para estruturas de concreto.
A Autodoc também vem atuando para melhorar a capacitação de quem está no chão de obra ao lançar a série Autodoc em Campo. Trata-se de uma coleção de vídeos de treinamento para a construção civil produzidos em parceria com o engenheiro Alexandre Britez, sócio-diretor da GP&D Consultoria e Projetos. O material, disponibilizado gratuitamente no YouTube, mostra passo a passo a execução dos processos construtivos mais importantes em uma obra, de forma didática e descontraída.
Melhorar o ambiente de trabalho — Para minimizar o problema de falta de mão de obra na construção civil é urgente tornar os canteiros de obra mais saudáveis e estimulantes para os profissionais. Uma preocupação deve ser atrair pessoas com diferentes perfis, incluindo jovens e mulheres.
Investir no aumento da industrialização — Essa é uma estratégia interessante tanto para diminuir a dependência das empresas por um volume grande de trabalhadores, quanto para substituir atividades penosas e insalubres.
Avançar mais rapidamente no processo de transformação digital — Esse é um recurso fundamental para as empresas serem mais produtivas, eficientes e terem controles melhores.
Combater o absenteísmo — Segundo dados do SindusCon-SP, 40% das faltas de profissionais nas obras acontecem devido a dores físicas. É preciso investigar a causa-raiz dessas dores para combatê-las.
Melhorar a atratividade — As empresas podem criar planos de bonificação que permitam melhorar a remuneração dos trabalhadores dos canteiros. Outra prática imprescindível é oferecer perspectiva de crescimento aos profissionais.
Suporte aos empreiteiros — É importante apoiar a capacitação das empreiteiras. Isso porque muitos desses pequenos negócios não têm estrutura administrativa e financeira robusta o bastante para suportar o crescimento de que o setor demanda.
Conclusão: aumento de riscos associados à falta de mão de obra
A escassez de trabalhadores na construção civil gera uma série de impactos nocivos para as empresas do setor.
Além da ameaça ao desenvolvimento dos negócios, a escassez de profissionais intensifica a concorrência agressiva entre as construtoras, que atraem trabalhadores de outras concorrentes com a oferta de remunerações mais altas. Esse cenário é propício para inflacionar os salários, impactando o custo da construção já pressionado.
Existe, também, o maior risco de estouros em cronogramas e orçamentos, bem como de ocorrerem falhas construtivas, uma vez que para suprir seus quadros, é preciso contratar profissionais com menos qualificação.
Por fim, é necessário alertar sobre a elevação do risco trabalhista motivado pela combinação de mercado aquecido e escassez de pessoal. Nesse contexto desafiador, o controle das empresas deve ser redobrado para evitar ações judiciais decorrentes de jornadas de trabalho extensivas e do pouco tempo de descanso.
Empresa do grupo Ambar, a Autodoc desenvolve softwares para atender diferentes estágios da jornada da construção, incluindo pré-obra, obra e gestão de mão de obra. Entre em contato para conhecer mais sobre soluções como o Autodoc GD4 e a Autodoc Catraca.