A utilização de novas tecnologias e dispositivos, como drones, smartphones e catracas de acesso inteligentes tem provocado mudanças profundas nos canteiros de obras, agora canteiros inteligentes. No Brasil, apesar do atraso tecnológico e de uma certa dificuldade do setor para promover mudanças, já é possível encontrar empresas colhendo os resultados do investimento no processo de transformação digital.
Maior produtividade, precisão nos controles de execução, e segurança jurídica são alguns dos benefícios registrados por quem já avançou nessa jornada. Isso ficou claro nas experiências compartilhadas pelos executivos de grandes construtoras no webinar “Tecnologias digitais aplicadas aos canteiros de obras”, realizado em 16 de julho e mediado por Roberto de Souza, CEO do CTE/Enredes.
O que são os canteiros inteligentes?
Na ocasião, Roberto explicou que “canteiros inteligentes são aqueles que possuem camadas de tecnologias digitais aplicadas e integradas entre si”. Tratam-se de locais de produção que permitem a comunicação em tempo real entre os envolvidos, assim como o planejamento, o monitoramento dos processos e a gestão da obra, tudo com o apoio de soluções digitais.
Essas obras contam com hardwares (drones, catracas, capacetes, óculos, tablets e smartphones, por exemplo), além de softwares e aplicativos (para armazenamento em nuvem, inteligência artificial, processamento em big data, etc). Também dispõem de um sistema de comunicação na rede (5G, Wi-fi).
Processo em evolução
“Nos últimos anos houveram dois marcos tecnológicos importantes que impactaram as obras brasileiras e impulsionaram o uso de novas tecnologias: o incremento dos pacotes de alta velocidade de Internet e a disponibilidade de dispositivos portáteis”, disse Ana Cecília Sestak Ribeiro, CEO da Autodoc, e uma das participantes do webinar.
O resultado deste movimento pode ser visto nos canteiros de construtoras como MRV, Método Potencial e RYazbek. Em todas elas, além do BIM (Building Information Modeling) como elemento integrador, já é comum encontrar mestres e engenheiros com tablets ou smartphones em punho para verificação e medição de serviços.
Mais além, nessas obras também são utilizadas soluções como gestão de informação de projetos com base em QR Code, câmeras de 360 graus para registro e relatório fotográfico, óculos de realidade virtual para traçar comparativos e drones para aferição de fachadas. Aplicativos para a gestão de qualidade e as catracas inteligentes são outras tecnologias aproveitadas por essas empresas. “No nosso caso, o software de gestão de documentos legais e fiscais Autodoc GD4 tem nos ajudado muito para diminuir riscos jurídicos”, exemplificou Renato Genioli, diretor de construção da RYazbek.
Pedras no caminho
Se por um lado há uma oferta cada vez mais ampla de soluções e dispositivos para tornar as atividades nos canteiros mais fáceis, precisas e controláveis, por outro compreender e incorporar esse arsenal tecnológico ainda é um desafio importante. “A verdade é que a tecnologia pode até parecer democrática, mas para os profissionais da área, ela exige cada vez mais capacitação”, comentou Ana Cecília.
A aderência por parte dos usuários e a interoperabilidade entre os sistemas são obstáculos que podem atravancar o processo de digitalização das obras. Superá-los a ponto de se ter a consolidação dos canteiros inteligentes requer, em grande medida, uma mudança de mindset. “É importante entender que a transformação não acontece à força, mas pelo engajamento das pessoas. A tecnologia tem que ser um facilitador e nunca um complicador”, afirmou Gustavo Aguiar, diretor técnico da Método Potencial Engenharia.
Para as empresas que estão iniciando uma jornada de transformação, Aguiar recomenda a identificação de uma linha mestra. “É preciso encontrar soluções que se encaixem no seu modo de trabalho. Não é possível, simplesmente, sair fazendo um supermercado de soluções”, analisa o executivo, que sugere, ainda, dar preferência para soluções tecnológicas flexíveis.
Na visão de Franco Elmôr, diretor de construção da MRV, o sucesso na digitalização dos canteiros passa também por testar as soluções antes de implementá-las e pelo entendimento de que erros podem acontecer. “As construtoras precisam aceitar errar, porque o fracasso faz parte do processo de inovação”, explicou.
A importância de se estabelecer parcerias produtivas com construtechs e startups foi citada por Genioli, da RYazbek, como condição para os canteiros inteligentes se multiplicarem. “É importante estar junto de gente que agregue um olhar diferente, além de jamais perder de vista que toda inovação só faz sentido se agregar valor ao negócio e ao produto”, conclui o diretor da RYazbek.
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