Burj Khalifa: conheça os desafios construtivos do maior edifício do mundo - Autodoc

Burj Khalifa: conheça os desafios construtivos do maior edifício do mundo

O Burj Khalifa, localizado em Dubai, nos Emirados Árabes é, atualmente, o edifício mais alto do mundo. O arranha-céu, inaugurado em 2010, possui 163 andares e 828 metros de altura. Foram utilizados 45 mil m³ de concreto só para a construção da fundação. Para a obra inteira, foram utilizados 330 mil m³ de concreto e 31.4 mil toneladas de aço.

Como é de se imaginar, o edifício mais alto da atualidade enfrentou desafios construtivos à altura de sua magnitude. Confira 5 desafios enfrentados e como foram superados:

1. Elevadores

Imagine como seria se uma torre da dimensão do Khalifa tivesse elevadores convencionais. Quanto tempo levaria para alguém chegar ao último andar desse edifício? Um número reduzido de elevadores, somado ao tempo para chegar até o último andar, certamente acarretaria em filas e mais filas de pessoas aguardando para utilizar o elevador.

Por isso, o Khalifa conta com 57 elevadores que percorrem o edifício em uma velocidade de 10 m/s. Sendo que 3 deles param apenas no térreo, nos andares 43, 76 e 123 (escolhidos estrategicamente porque possibilitam a troca de elevadores), e no último andar. São considerados os elevadores que percorrem a distância mais longa do mundo.

2. Abastecimento de água

Imagine o volume de água necessário para um edifício de 145 andares, que abriga 1044 conjuntos em 49 andares de escritórios e centros comerciais, restaurantes, incluindo uma mesquita e um hotel com 160 apartamentos. Dessa forma, um fator que precisou ser muito bem pensado no projeto do Khalifa foi o armazenamento de água.

O Oriente Médio é conhecido pelo seu extremo calor, e a região em que o edifício está instalado possui níveis elevados de umidade do ar. Deste modo, os responsáveis pela obra encontraram uma solução que utiliza a umidade do ar para criar o maior sistema de condensação de água do mundo. O edifício é capaz de captar essa umidade e condensá-la por meio de um sistema de resfriamento para transformá-la em água. Esse sistema produz 15 milhões de galões de água por dia, o equivalente a 20 piscina olímpicas. Toda essa água é drenada para um tanque de retenção localizado no porão do edifício e utilizada no sistema de irrigação de plantas do edifício.

Apesar do problema referente ao volume de água necessário ter sido parcialmente resolvido, um outro problema precisou ser solucionado: como bombear água para o último andar de um prédio tão alto? Para isso, foram necessárias bombas extremamente potentes, que consomem bastante energia. Algumas foram instaladas no subsolo e outras em andares que estão na altura de um terço da altura total do prédio. Dessa forma, 946.000 litros de água são bombeados por dia, além da água gerada pela condensação, citada anteriormente.

3. Clima

O Oriente Médio possui verões extremamente quentes (com temperaturas que chegam a ultrapassar os 50ºC) e invernos muito chuvosos. Dessa forma, uma série de medidas relacionadas aos materiais usados no edifício precisaram ser tomadas.

Para solucionar o problema do calor excessivo, uma das medidas foi a instalação de 26 mil painéis de vidros refletivos e alumínio na fachada, que possuem um peso superior ao de cinco aeronaves A380, além de painéis de aço inoxidável. Devido ao peso, foram necessários guindastes para elevar esses painéis. Com 512 metros de altura, é a maior fachada de vidro e alumínio do mundo. Essa medida faz com que o edifício não absorva tanto calor, prevenindo que vire um forno.

Outro agravante do clima, seria o risco de o concreto utilizado na construção rachar. Visto que durante o dia a temperatura é mais alta, em média 45ºC, uma solução foi executar a construção no período da noite, quando concreto misturado com gelo era derramado sobre a construção. Quanto mais gelada a mistura, menor a possibilidade de o concreto rachar.

Além disso, os materiais isolantes e concreto foram pintados com uma camada de prata, que previne que o extremo calor provoque rachaduras ou mudança de cores.

4. Vento

Quando se constrói um edifício, a questão do vento sempre deve ser considerada. A atenção deve ser redobrada especialmente em um edifício com as dimensões do Burj Khalifa. É preciso considerar que, quanto maior a altitude, mais forte é o vento.

Para prevenir o comprometimento da estrutura, especialistas desenvolveram um design de “túnel de vento” que suporta qualquer vento que sopre na região. A torre foi desenvolvida de forma semelhante a um cone, e a estrutura vista de cima para baixo forma um “Y” de concreto em espiral, cada extremidade é semelhante a uma asa. Além disso, o edifício possui uma base mais larga. Esse formato evita que ventos prejudiquem a estrutura.

Apesar de toda esta estratégia desenvolvida, a torre ainda sofre um leve desvio em seu topo. Mas isso não significa uma falha de projeto, pelo contrário, é necessário que os andares mais altos sejam levemente curvados, devido à força do vento. Essa curva atinge até um metro e meio, o que é considerado normal pela engenharia.

5. Segurança

Em caso de incêndio, como funcionaria a evacuação no Khalifa? Imagine que alguém no 130º andar precisasse descer de escada… muito provavelmente, não daria tempo de chegar ao térreo antes que o incêndio se alastrasse pelo prédio inteiro.

Pensando nisso, os elevadores possuem vedação contra incêndio e geradores de energia exclusivos para que funcionem mesmo em caso de incêndio. E, para garantir ainda mais segurança, foram projetados andares climatizados e a prova de fogo a cada 25 pisos, que, em casos de emergência, serviriam como áreas especiais de refúgio para aqueles que não conseguissem acessar os elevadores.

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Juliana Nakamura

Jornalista (PUC-SP) pós-graduada em Mídias Digitais (FMU). Com mais de vinte anos de experiência, colaborou com uma série de veículos de comunicação, tanto na grande imprensa, quanto em mídia especializada. Produtora de conteúdo, é especializada na cobertura de temas relacionados à construção civil, mercado imobiliário e arquitetura/urbanismo. Colabora com a Autodoc desde 2020, escrevendo textos para o blog e conteúdos ricos.

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