Na rotina das construtoras, a gestão de obras é uma tarefa de alta complexidade que envolve a combinação de técnicas e estratégias para administrar materiais, recursos e pessoas. O objetivo é reduzir incertezas no decorrer do longo ciclo de construção e controlar a produção, fazendo com que, ao final do cronograma, metas pré-estabelecidas sejam alcançadas.
Em um contexto como o atual de aquecimento do mercado e de aumento do volume de obras, uma gestão de obras eficiente torna-se ainda mais essencial. Trata-se de um diferencial competitivo que faz toda a diferença para garantir o sucesso e a perenidade da construtora no mercado.
O que é gestão de obras?
Mais do que organizar processos, a gestão de obras tem como meta assegurar que cada etapa, desde a primeira movimentação de terra até o paisagismo, tenha o melhor planejamento e execução possíveis. Faz parte da gestão de obras garantir que o cronograma e o planejamento financeiro sejam devidamente cumpridos.
Em outras palavras, estamos falando de ações que visam:
- Antecipar e minimizar eventuais riscos e problemas, identificando soluções de modo rápido e assertivo
- Garantir a qualidade do trabalho e a satisfação do cliente, evitando altos custos com chamados de assistência técnica e manutenção
- Cumprir a previsão orçamentária, evitando que sejam necessários novos investimentos ou que haja desperdício de recursos. Você sabe que estouro no orçamento é uma das principais causas de fracasso na gestão de obras, não é mesmo?
- Reduzir desperdícios e ociosidade de equipamentos
- Assegurar a produtividade e a segurança dos trabalhadores no canteiro durante toda a obra
- Atender plenamente as normas ambientais vigentes e as expectativas de clientes com relação ao ESG (responsabilidade ambiental, social e governança).
Não é difícil perceber que a qualidade da gestão de obras tem relação estreita com a produtividade das equipes, a ocorrência de retrabalhos e a redução de custos. Mas se essa é uma atividade tão importante, por que ainda é tão comum vermos construtoras perdendo competitividade por falhas durante a gestão de obras?
A resposta para esta pergunta está relacionada a uma série de desafios que acompanham a rotina de quem faz esse tipo de gerenciamento. Entre eles, podemos destacar:
- Elaboração de um planejamento consistente e factível;
- Complexidade na gestão da qualidade;
- Dificuldade de controlar o orçamento;
- Falta de mão de obra capacitada;
- Necessidade de garantir um ambiente de trabalho sadio e seguro;
- Promoção de comunicação clara com todos os agentes envolvidos.
Como planejar uma obra de construção civil?
Um bom planejamento é o primeiro passo para qualquer obra bem-sucedida. É nessa etapa que se define o layout do canteiro, incluindo fluxos logísticos de abastecimento de materiais e o tráfego de máquinas. É também nesse momento pré-obra que os projetos precisam ser bem compatibilizados, de modo a evitar retrabalhos.
O planejamento deve conter uma previsão das dificuldades e dos problemas que podem impactar negativamente o desenrolar das atividades. Entre elas, aspectos como o local da obra, as variações climáticas, assim como a disponibilidade de materiais e de mão de obra.
Intrinsecamente ligado ao orçamento, um bom planejamento evita que o gestor precise atuar como um “apagador de incêndios” e ajuda a minimizar os riscos que colocam em xeque o sucesso da obra.
Assim como o planejamento, outras etapas críticas para o profissional à frente de uma obra são a gestão de compras, de estoque e de equipes. Vale lembrar que a falta de um único material pode gerar um impacto imenso no andamento do cronograma, fazendo com que a obra corra o risco de paralisação e a construtora precise arcar com multas e custos extras.
Habilidades necessárias para fazer uma boa gestão de obras
O profissional que está à frente da gestão de obras deve combinar conhecimento técnico sobre os processos construtivos, entender profundamente de processos, contratos, prazos e custos e, ainda, ser um excelente gestor de pessoas. Sua atuação é muito semelhante à do maestro de uma orquestra sinfônica, que precisa garantir que todos os instrumentistas toquem juntos, de maneira harmônica.
O gestor de obras precisa ser capaz de designar as pessoas certas para cada atividade e garantir que cada etapa tenha uma equipe bem dimensionada para o bom andamento do projeto.
Além de líder, o gestor de obras é um tomador de decisões. Por isso, é tão importante que ele tenha uma visão ampla e abrangente do que ocorre no canteiro e seja constantemente municiado de dados confiáveis e indicadores para avaliar o desempenho das equipes e o nível de eficiência da operação.
A importância dos aplicativos para gestão de obras
A digitalização dos canteiros de obras tende a adquirir cada vez mais protagonismo nas construtoras preocupadas com produtividade, eficiência e qualidade. Afinal, ao facilitar a compreensão das atividades programadas, incluindo informações de cronograma e status de execução, os softwares de gestão de obras tornam a programação dos serviços mais ágil, transparente e controlável, permitindo, inclusive, atribuir metas com datas e responsáveis, estimulando a produtividade das equipes.
Uma gestão de obras eficiente, com informações estruturadas e centralizadas, cria a possibilidade para a realização de análises preditivas, permitindo ao gestor antecipar-se a eventuais problemas.
Aqui, vale lembrar a frase de William Edwards Deming, teórico norte-americano famoso por seus estudos na área de gestão da qualidade. Segundo ele, “não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”.
Aperfeiçoamento profissional em gestão de obras na construção civil
Em função da alta relevância do tema para o sucesso dos negócios, há muitos cursos disponíveis para apoiar a formação de gestores de obras. É possível encontrar desde cursos livres e rápidos, a programas de pós-graduações e MBAs, presenciais e à distância.
Voltados para profissionais da área das engenharias e de arquitetura e urbanismo, a maioria dos cursos de gestão de obras se dedica a apresentar procedimentos e instrumentos necessários para garantir que a obra seja executada com a qualidade requerida pelo projeto, dentro do orçamento, no prazo contratual, com embasamento técnico, sustentabilidade e segurança.
A escolha de um curso de gestão depende, obviamente, da disponibilidade de investimento do profissional que está em busca de aperfeiçoamento. No entanto, há duas boas práticas que podem auxiliar uma escolha mais bem-sucedida.
Uma dica sempre válida é buscar referências com outros colegas de profissão. A outra recomendação é dar preferência a cursos que contemplem em suas grades curriculares tecnologias atuais como o Building Information Modeling (BIM) e os softwares de gestão de obras, bem como as metodologias ágeis e o lean construction (construção enxuta).
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